E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Génesis 1:27)
Ser conservador é: preferir o familiar ao bizarro, o provado ao polémico, a realidade à ficção, o actual ao teórico, o limitado ao desmedido, o próximo ao distante, o suficiente ao inaceitável, o conveniente ao inconveniente, o riso presente à felicidade utópica.
Não me lembro de um tempo em que “ser conservador” fosse tão mal visto e tão odiado. Hoje, aos ouvidos de muitos, conservador e “homem das cavernas” parecem sinónimos… O próprio dicionário sofreu alterações e onde antes (2001) se lia:
Que, ou aquele que conserva; funcionário do registo predial, civil, etc.; aquele que se opõe a reformas radicais, em política.
Aquele que se opõe às mudanças, não aceitando inovações morais, sociais, políticas, religiosas, comportamentais.
Quem é muito apegado às tradições; tradicionalista.
[Política] Quem faz parte de um partido conservador,
defensor da conservação das normas e das tradições estabelecidas.
Funcionário responsável pela guarda, pela gerência e pela
preservação do que pertence a organizações públicas.
Quando transmiti o nome da Associação à qual presido - Associação Família Conservadora - a alguns amigos cristãos, vi-os torcer o nariz. Por isso, e para não cairmos no conto do vigário (ou na narrativa progressista, como preferirem) parece-me importante termos a real noção do que significa ser conservador.
Em Portugal, vive-se uma revolução cultural, imposta, promovida e controlada por marxistas culturais, ideólogos do género e pelo movimento feminista, que tem provocado uma esquizofrenia social e que trata qualquer menção à direita e ao conservadorismo como uma ameaça à democracia e à liberdade. A isso, certamente, não é alheio o facto de cada vez mais conservadores se levantarem contra a destruição de princípios e valores eternos.
Não sei se será tarde demais, mas sei que está mais do que na hora de resgatar e preservar os valores sobre os quais a nossa sociedade foi fundada e de reformar práticas e pensamentos. O conservadorismo provém de uma observação prudente, que, a começar na nossa própria casa, nos conduz a perceber os benefícios de se manter determinada instituição. Como escreveu o filósofo Plutarco:
Quando o alicerce de uma família não é fundado com rectidão, o destino será desgraçado para a descendência.
É comum, ouvir algumas minorias inflamadas afirmar que a
instituição da família tradicional deve ser destruída e que existem novas
formas para a substituir. Mas, basta olharmos para a história da humanidade,
para constactarmos que a família tradicional sobrevive ao teste do tempo há mais
de 6 (seis) mil anos. Assim, a questão é:
O modelo tradicional de família, conforme nos prova a experiência dos anos, é de bons ensinamentos para acções virtuosas. Conservar o modelo tradicional de família não é ser reaccionário ou retrógrada a ponto de querermos voltar atrás e regredir ao tempo em que, de acordo com o PRESSE [Programa Regional de Educação Sexual em Saúde Escolar]: a bissexualidade era comum, a virgindade feminina era pouco valorizada, a prostituição era uma profissão como as outras, famílias tinham representações sexuais explícitas em suas casas, e os imperadores casados tinham relações homossexuais com adolescentes.
Quando tratamos de conservar o modelo tradicional de família, referimo-nos a pessoas lúcidas e com bom senso. O ataque dos progressistas, que acusam os conservadores de simpatizarem com práticas antigas que violavam a dignidade humana (como aquelas que eles simpatizam e se encontram descritas e promovidas no PRESSE e que são promovidas na Escola?), mas isso não tem qualquer relação com ser conservador.
Conservador, é aquele que avaliou todos os pressupostos de algo que é comprovadamente bom (não é bom porque é antigo; é antigo porque é bom) e tem capacidade de reconhecer aquilo que é mau. Isso é tão verdadeiro, que o conservador consegue reconhecer que tantos anos de doutrinação marxista são maléficos para a humanidade e que tal pensamento merece ser desmascarado e combatido, para que não destrua a base de qualquer sociedade próspera e saudável - a família.
Numa verdadeira democracia (que não têm nada a ver com as "democracias" socialistas) todos devem ter liberdade para dizerem o que pensam e para defenderem os seus valores e a sua fé. Logo, se os conservadores valorizam, por exemplo, o casamento monogâmico e heterossexual, podem e devem proteger as suas famílias do discurso contrário, garantindo assim que os seus filhos não sejam manipulados e confundidos pela compreensão progressista de sexualidade e união entre pessoas. Logicamente, tal defesa deve ser baseada no respeito pelo outro, mas, na realidade, só os conservadores agem em conformidade com este pressuposto, pois, apesar de hastearem a bandeira da “liberdade de expressão, tolerância, respeito, etc.”, os progressistas não estão satisfeitos com as liberdades - religiosa e de expressão - de quem não pensa como eles, e querem impor-nos a sua cosmovisão - obrigando-nos a aceitar os seus modelos de família e sexualidade como os únicos que são válidos - e exigindo que os acrescentemos à nossa cosmovisão de família.
Hoje, nesta sociedade sinistra [esquerdista], respeitar o outro já não é suficiente e a possibilidade de considerar o que quer que seja como errado é rotulada como “discurso de ódio”. Estamos na era da nova “tolerância” onde todas as visões - menos a visão cristã de família - devem ser consideradas válidas.
O pseudo-modelo de família, que nos está a ser imposto, é totalmente imoral, egocêntrico e visa unicamente agradar a si mesmo e obter prazer. O amor sacrificial (1Cor 13), a bênção da procriação, a beleza do sexo entre homem e mulher, o provimento do lar, ensinar os valores morais e as virtudes às crianças - tudo isto e muito mais - são considerados como algo a ser combatido e destruído. A moda é: união entre pessoas do mesmo sexo, nascer no corpo errado, mães e pais de pet’s, zoofilia, aborto até ao dia antes de nascer, poligamia, incesto, etc.. Comportamentos, que, caso não sejam combatidos e resistidos, prenunciam a ruína de uma civilização.
- Será que o modelo progressista de família, que nos estão a impor como “tão normal como”, resistiria ao teste do tempo?
- Será que daqui a duzentos ou trezentos anos teríamos humanidade para contar história?
A resposta clara a essas perguntas é: NÃO!
Então, eu prefiro aquilo que já foi testado e que resulta, ao que o que nunca foi provado; prefiro o facto ao mistério; a família – com todos os seus problemas – à extinção da humanidade.
Hoje, nos guiões de Género e Cidadania, pergunta-se a
crianças a partir dos 3 anos: “O que é o Homem?”
O que é o “homem”, senão o “macho” de Génesis 1.27?
E o que é a “mulher” — literalmente, “a do homem” — senão a
correspondente “fêmea”?
Deus criou machos para a masculinidade e fêmeas para a feminilidade e rebelar-se contra isso é uma abominação (conforme Deuteronómio 22.5). O género – masculinidade e feminilidade – está firmemente enraizado e entremeado na criação de Deus dos dois sexos: macho e fêmea. A desunião entre género e sexo - que hoje é imposta aos nossos filhos, na Escola, desde a mais tenra idade - não se encaixa na forma como a Bíblia fala a respeito de homens e mulhere e naqueles que são os nossos valores e princípios. Como escreveu Kevin DeYoung:
Por mais que a academia contemporânea diga outra coisa, a Bíblia acredita numa unidade orgânica entre o sexo biológico e a identidade de género. É por isso que macho e fêmea são (unicamente) o tipo de par que consegue reproduzir-se (Génesis 1.28, 2.20). É por isso que o homossexualismo – um homem deitar-se com um homem como se fosse mulher (Levítico 18.22) — é errado. É por isso que o apóstolo Paulo pode falar de parcerias homossexuais como um desvio das relações naturais ou da função natural do intercurso sexual macho-fêmea (Romanos 1.26-27). Em cada instância, o argumento só funciona se houver uma equivalência assumida entre a biologia da diferença sexual e a identidade correspondente de macho e fêmea.
São boas novas que Deus tenha criado a humanidade como macho e fêmea. Nós, conservadores, não temos que sofrer debaixo da angústia existencial da auto-determinação. Deus já determinou quem somos. Ele criou-nos e chamou-nos macho e fêmea, homem e mulher. Vivemos mesmo coisas antigas, temos uma visão conservadora a respeito da família, do casamento, do relacionamento com o sexo oposto, da sexualidade, do uso do corpo, tudo isto porque nascemos e crescemos numa sociedade fundada nos valores morais judaico-cristãos, ensinados na Palavra de Deus, que vive e permanece eternamente.
Neste mundo, agitado como as ondas do mar, somos chamados a firmar-nos na Rocha. Diante das pressões das vagas deste mundo agitado, estamos firmados no nosso Deus e nos Seus valores morais. Portanto, dia a dia, somos desfiados a resistir, somos chamados a não nos moldarmos a este mundo perverso e imoral.
Estes são alguns dos motivos pelos quais sou conservadora e
gosto do nome da Associação.
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