A ideologia do género, um conjunto de ideias anti-científicas que, com propósitos políticos totalitários, extirpa a sexualidade humana da sua realidade natural e a explica apenas pela cultura, imposta ao programa de educação escolar – do pré-primário ao secundário - leva o Estado português a Tribunal. Antes, um grupo de 85 deputados já havia pedido ao Tribunal Constitucional a fiscalização de medidas no ensino sobre identidade de género.
Identidade ou ideologia?
Sem dúvida, é uma ideologia [há quem prefira chamar-lhe teoria] que defende que a condição e conceito de feminino são artimanhas de discurso, inventadas por uma sociedade masculina e falocêntrica,[1] uma hierarquia de géneros, na qual o género masculino controla o género feminino, que se manifesta em todas as áreas da vida - da linguagem à política - que afirma que a heterossexualidade é compulsória,[2] e que a impressão que temos de que o conceito “mulher” é natural não passa de outro condicionamento cultural criado pelos homens como estratégia de poder.
Para a ideóloga do género Judith Butler,
omnipresente dos Guiões de Género e Cidadania, o ser humano nasce indefinido
(neutro) e, graças à família, à escola, à sociedade, às instituições etc.,
define-se a atrela-se a um papel binário homem-mulher ditado por um “sistema
patriarcal opressor”.
Ignorando as mais de 6500 diferenças biológicas entre
homens e mulheres, cientificamente provadas, Judith afirma que o comportamento
de cada sexo, e até o próprio sexo, são conceitos criados por homens sedentos
de poder para parecerem naturais.
Que homens tão poderosos terão sido
esses, capazes de criar algo que já nasce com a pessoa?
Que homens tão poderosos terão sido
esses, capazes de colocar o sexo – masculino ou feminino - no ADN de cada
pessoa?
Que raio de cultura é essa, que
constrói aqueles que a construíram?
Butler não tem qualquer receio em
admitir que a sua teoria do género não passa de uma ferramenta de desconstrução
e subversão de identidades.[3]
Ela pretende fazer-nos acreditar que há uma nova resposta à pergunta “o que é o
Homem?” e que essa resposta é dada na sua bíblia do género [Problemas do
género], onde as suas ideias ocupam o lugar da realidade e a realidade, por
mais científica que seja, é sacrificada no altar do imaginário e das ciências
sociais. De acordo com a teoria do género:
A sociedade deve caminhar resolutamente rumo a uma dessexualização
ideológica, isto é, rumo ao apagamento de todas as distinções fundadas no sexo
[…] Acabou-se o tempo das discriminações biológicas […] A categoria filosófica
do sexo deve, portanto, desaparecer ou, pelo menos, ser esvaziada da sua
substância significativa forjada pela cultura heterossexista.[4]
Acabou-se o tempo das distinções
fundadas no sexo?
Bem-vindo às distinções fundadas na
ideologia.
Acabou-se o tempo das discriminações
biológicas?
Bem-vindo ao tempo das
discriminações ideológicas.
Urge perceber que a ideologia de género
não pretende combater a discriminação nem proteger as minorias. Esse é o papel
de embrulho, com um grande laçarote, no qual os seus promotores a envolvem. A
ideologia de género é uma teoria sobre a identidade e a essência do ser humano,
e o que vem dentro do embrulho é uma amálgama de lixo ideológico que é
despejada na mente das crianças, para as confundir quanto à sua identidade.
É para esse fim que o Ministério da
Educação, no seu site “Educação para a Cidadania”, no
domínio “Sexualidade”, na
rubrica desenvolvimento da sexualidade, em
aceder a mais recursos, nos vídeos de Identidade e Género, incita
crianças a “mudar de sexo” e, levianamente, usa como exemplo uma caixa de
lápis, na qual se colocaram canetas, porque os lápis já não eram precisos, e agora
temos canetas; afirma que há Homens que menstruam; etc.
Não é, portanto, de surpreender que cada vez mais crianças cheguem a casa
confusas quanto à sua sexualidade/identidade, e que, à semelhança do que
acontece no Reino Unido, os
consultórios dos psicólogos estejam a abarrotar de crianças com “disforia de género de início rápido”.
A ideologia do género – como
ferramenta de desconstrucção da identidade - começa por desfazer os seus
caracteres mais próprios, no caso, o sexo biológico. O nosso sexo não é apenas
um dado físico externo. O nosso sexo é o que nos torna aquilo que somos. Sim,
as diferenças biológicas contam.
Contra todos os dados e estudos
científicos, realizados por homens e mulheres que não adoptaram a ideologia de
género como verdade absoluta e incontestável, a Escola defende que não é o sexo
biológico que influencia a nossa percepção e comportamento de género, ou seja:
ela defende que não é o facto de eu ser mulher [sexo] que me leva a usar
maquilhagem e sapatos de salto alto [género], mas que é o facto de eu usar
maquilhagem e sapatos de salto alto [género] que interfere sobre o meu sexo.
A ideologia do género tem como
objectivo final destruir a identidade do ser humano para melhor o manipular. Urge
entender que podemos influenciar a educação e que não há melhor lugar para
educar as crianças do que a família. Quem educa é a família e não o Estado.
[1]
Falocentrismo: centrado no falo (pénis). Diz-se de uma sociedade onde o sexo
masculino dita as regras de poder e hierarquia.
[2] Judith Butler, Problemas de género, pág. 18
[3]
O sub-título do livro de Judith Butler é Feminismo
e a subversão da identidade.
[4]
Oliver Bonnewijn, Gender, quem és tu?, págs. 56-57.
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