Não, não me refiro à guerra na Ucrânia. A guerra que não
passa nos média é a guerra pela mente das nossas crianças, a guerra cultural.
O que é a guerra cultural?
A guerra cultural é a disputa pelos elementos de uma cultura,
que avança com o apoio do Estado, das instituições e dos dispositivos
culturais.
Explicando: Os elementos de uma cultura são as suas crenças,
tradições, linguagem, mitos, rituais, normas, costumes, etc.. Ou seja: tudo o
que conforma a cultura e o seu impacto sobre a nossa conduta.
Guerrear pelos elementos de uma cultura significa impor a
essa cultura/sociedade quais são as crenças colectivas, os valores colectivos e
as normas sociais correctas, não através da força das armas, mas sim usando as
tecnologias, as instituições e os dispositivos culturais – Igreja, famílias,
Escolas, Universidades, meios de comunicação, redes sociais, música, teatro,
cinema, etc..
É no meio desta guerra que nos encontramos e, tal como
acontece na guerra da Ucrânia e em todas as guerras, as crianças são o elo mais
frágil e precisam ser defendidas e protegidas.
O caso que aqui trago retrata uma das frentes de batalha
dessa guerra. Teve lugar na vizinha Espanha, no programa infantil Clan (RTVE),
que convidou crianças a questionarem a sua identidade sexual e a normalizar a
ideologia de género [LGBTQIA+],
Bea Sever, sexóloga e responsável por uma organização de
“menores trans” foi uma das últimas convidadas do programa matinal “Aprendemos
no Clan” para fazer uma lavagem cerebral - sobre “diversidade e desejo sexual”
- a um grande número de crianças.
As declarações da activista suscitaram uma forte reacção on-line
por parte das famílias e dos educadores e deram origem a uma petição lançada na
Tufirma.org.
Sever, que se apresenta ao público desta forma: «se tiver dúvidas sobre a sua identidade
sexual, se quiser aceitar-se e divertir-se ou melhorar a sua relação com o seu
próprio corpo», não hesitou em convidar as crianças a "normalizar e tornar
visível " a realidade transexual, pansexual e homossexual «nos filmes,
séries e nas ruas. […] Há alguns anos eu não tinha a mínima ideia disto, mas
aquela que eu pensava ser a minha filha era na verdade o meu filho».
Durante a meia hora seguinte, num programa de televisão que
é gravado em infantários e escolas primárias e recomendado para público de
todas as idades, a sexóloga debitou ideologia de género nas cabecinhas de
crianças com cerca de 10 anos.
Interrogatórios
infantis sobre diversidade sexual
«Atracção [sexual] para todos os géneros, incluindo os não
binários», é um dos ensinos transmitidos no programa.
Isso é o conceito de educação indispensável para uma criança
de 6 anos?
A sexóloga e a apresentadora do programa, María José Malia, questionaram
as crianças sobre diversidade sexual, convidando-as a «entender que são as pessoas
que vão construindo a sua identidade» «com o que sentem», ou «com a orientação do
nosso desejo [sexual]».
Desde o início do programa, fica clara a formatação que as crianças
sofrem nas escolas e que estas consideram “normal” um menino vestir-se de
princesa. Como disse uma das meninas: «Alguns com certeza [rir-se-iam dele]
porque os seus cérebros acreditam que as meninas têm que usar uma coisa e os
meninos outra».
Ao longo da sua intervenção, a activista trans concentrou-se
em fazer com que as crianças interiorizassem três pontos-chave: 1) «todos somos
diferentes e que não há nada normal e/ou anormal»; 2) «a importância de
visualizar [a realidade do género] em filmes, séries e nas ruas» para a sua
normalização e 3) o «conhecimento e educação» que as próprias crianças «trabalharam
na turma».
Num dos pontos altos do programa, uma voz em off convidava
os espectadores a perguntar-se se são meninos ou meninas para definir a
identidade sexual, quer dizer: «quem somos e como nos autopercebemos», já que
«todos temos mais ou menos características masculinas ou femininas».
Imediatamente a seguir, o canal infantil promoveu a ideia de
que esta identidade é «uma forma de nos percebermos» e que, longe de ser aquela
que corresponde a um homem ou a uma mulher «é construída ao longo da vida. A
expressão de género é como tu mostras o teu género de acordo com os papéis que
nos são atribuídos», enquanto a orientação sexual é definida «por quem tu
sentes atracção física ou emocional de acordo com o sexo».
Opinião sustentada pela mesma sexóloga quando contou às
crianças o exemplo da sua filha de 5 anos, cuja «mudança de identidade» ela
mesma [mãe e activista da teoria do género] promoveu: «Ela não é minha filha,
mas é meu filho, e ele sempre soube o que era. O que acontece é que ele não
entendia como é que nós não o podíamos ver. Com 5 anos conseguimos entender o
que ele estava a expressar-nos».
Saia,
maquilhagem e saltos altos: «De meninos e meninas»
Em seguida, por meio de um jogo de expressão de género, no qual
as crianças tinham que responder se a saia, a maquilhagem ou os saltos altos
«são só para raparigas, para rapazes ou para ambos», a sexóloga e a
apresentadora convidaram as crianças a descobrir «se as coisas de meninos ou
meninas são realmente assim ou se podem mudar dependendo do tempo».
A resposta dos menores foi surpreendentemente equilibrada e
todos responderam «para ambos». Não houve uma única voz discordante.
Um menino que, na melhor das hipóteses, terá 10 anos, afirmou:
«Há alguns anos eu tinha um amigo que era bissexual». Ou seja, o seu amigo «há
alguns anos» teria… 6, 7 anos? Nessa idade, as crianças podem ser definidas
como bissexuais? Sabendo nós que, bissexual é aquele que sente atracção sexual
e tem relações sexuais com homens e com mulheres… Crianças de 6, 7 anos já
tiveram relações sexuais com pessoas de ambos os sexos? São bissexuais?
Além da ideologia imprópria para crianças, propagada pela
sexóloga e pela activista trans, o que mais devia chamar a nossa atenção é a
opinião e a convicção das crianças de que devem «ver-se mais gays e lésbicas na
rua e ser mais normal». De acordo com um menino: «Se as pessoas dissessem o que
pensam, seria mais normal usar saia e essas coisas». Haizea, uma menina,
concluiu que as pessoas «deveriam falar mais sobre isso» e convidou-as a «informarem-se
e a aprenderem».
Se os adultos se atrevem a fazer isso na televisão pública,
o que não farão na sala de aula?
Se eles se atrevem a fazer isso na televisão pública, o que
não farão na sala de aula?
E, por favor, não pense que isto é só em Espanha e que não
acontece por cá, pois, além de filmes que explicam a crianças como se faz sexo e que passaram na RTP2, do Referencial de Educação para a Saúde, na pág. 74, para
o pré-escolar, recomendar: «Desenvolver a consciência de ser uma pessoa única
no que respeita à sexualidade, à identidade, à expressão de género e à
orientação sexual», e dos conteúdos da disciplina de Cidadania eDesenvolvimento, que promovem e incentivam a transexualidade,
no dia 20-03-2019, numa página da Associação Projecto Be Equal, podia ler-se:
«Olá pessoal. Hoje estivemos na Escola EB1 de Gueifães com uma turma do 2º ano
do 1º ciclo do ensino básico […] Falámos sobre aceitação/felicidade/transgénero
e discriminação com uma leveza maravilhosa … Crianças com 7/8 anos […].
Por que não se fala desta guerra?
Será que a vamos perder sem sequer lutar?